quarta-feira, 30 de julho de 2014

O começo de um todo

    Já é tarde e cá estou eu escrevendo para ver se estas minhas incertezas e todas as coisas que me circundam e que me fazem mal diminuam. Espero que diminuam. Realmente nunca tive um conceito para estar apaixonada, até claro, conhecer-te. Se me recordo, conhecemo-nos numa festa. Foste o último rosto que vi e o primeiro rosto na vida que me fez ter pela primeira vez, interesse. Somente em meus mais profundos devaneios ousei em contar-te mas, assim que te vi me encantei. Conseguia enxergar através de ti, vi o quão você era especial, e melhor: vi que tinhas que ser meu. Logo demonstraste interesse em mim, e certamente já havia percebido que era recíproco, então como não se é possível evitar o inevitável - e o inevitável neste caso, era nós dois não como um casal, mas como um só - aconteceu. Sim, era praticamente impossível parar de olhar para os seus olhos durante nossas conversas, e quando não eram os olhos, era a tua boca. Definição de perfeito, para mim, é estar deitada com você ao meu lado, comprimindo aqueles lábios macios sobre os meus, alisando meu cabelo como se estive alisando e apreciando uma majestosa obra de arte, cravando aquele olhar denso, sensual, decidido, mas ao mesmo tempo um olhar tênue e pedindo algo. Pedindo a mim. Pedindo a nós. Perfeito, é escutar teu coração batendo forte quando estamos na cama, batendo forte após despir-me, batendo mais forte ainda quando estamos um contra o outro, sentindo o calor de nossos corpos virando um só calor, batendo forte quando beijo teu pescoço carinhosamente e sinto tua pele toda arrepiada, e mais do que isso, sinto-te começando a entrar em teu mais puro estado de excitação e prazer. Batendo forte, quando sussurro o "eu te amo" mais forte e diáfano que dou e poderia dar a alguém, e como a rapidez que um feche de luz tem, sussurras em meus ouvidos o "eu te amo mais" mais forte e diáfano que dá e podes dar a alguém. Quando começamos desesperadamente a pedir um ao outro, quando começamos a querer um dentro do outro, acontece. Todas as brigas e diferenças que temos obscurecem-se. A partir daquele momento, o mundo não existe. Só o que existe somos nós. O tanto que quero que me penetres é o tanto que queres me penetrar. Naquele momento, somos iguais. Não existe você e tampouco eu. O que existe é o nós. O que existe é você querendo satisfazer-me e vice-versa. Não há submissão, não há melhor, nem pior. E quando damos por nós, simplesmente estamos fazendo sexo e olhando carinhosamente um para o outro. Ali, não há somente desejo do corpo. Há desejo do corpo e do todo. Há desejo de todas as coisas que possuímos dentro de nós. Contudo, quando a penetração acaba, sinto que perdi uma parte tua. Logo devolves-me esta parte perdida afirmando-me que sou a única que desejas, a única capaz de saciá-lo e a única que amas de fato e prestas tua devoção, e me beijas assiduamente. Após este beijo, sacio-me e por instantes de minha vida, sou inteiramente feliz. E toda esta felicidade acaba ao partires, porque toda vez que me deixas, levas consigo uma parte minha.